
urante muito tempo a profissão de professor teve, na sociedade brasileira, características bastante singulares. Por um lado, o fato de ter por função a educação das crianças - educação no sentido de transmissão de conhecimentos socialmente construídos para a manutenção e o desenvolvimento da sociedade - conferiu-lhe uma honorabilidade, uma respeitabilidade comparáveis àquela conferida aos médicos. Por outro lado, a escola sempre foi confundida com uma extensão da casa e o professor como um substituto dos pais, principalmente da mãe. Por isso a população feminina sempre se direcionou para a prática dessa profissão. Bastava que completassem o "curso normal" e já estavam diplomadas numa profissão honrosa. Essa forma de encarar o professor e sua formação vem sofrendo transformações nos últimos anos. A profissão vem perdendo sua respeitabilidade. Os professores não contam com uma situação propícia para o desenvolvimento de sua profissão. As más condições de trabalho vão desde a precariedade de vida das crianças e dos próprios professores - remuneração baixíssima, formação insuficiente - até a precariedade das condições das salas de aulas em termos de espaço físico, ausência de material de classe, etc. É inegável que em nosso país não se investe em educação. Apenas remedia-se as deficiências e lacunas da formação do professor através de propostas curriculares que contém uma minuciosa pré-especificação dos conteúdos , das tarefas a realizar e das "técnicas" a desenvolver na classe, transformando o professor em um mero executor de atividades, impedindo-o de realizar sua tarefa de modo pessoal e criativo. Mesmo assim, os profissionais que abraçam essa profissão, como eu,ainda sonham com um ensino de qualidade que possa legar aos nossos alunos ,instintos mais nobres e aspirações mais elevadas.
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