domingo, 10 de maio de 2009
IDENTIDADE NACIONAL
Transcreve-se a seguir, um dos mais belos poemas criados por Ascenso Ferreira, que conjuga valores históricos, religiosos, culrurais e tem a ver com uma certa memória do passado e projeção do futuro.
História Pátria
Plantando mandioca, plantando feijão,
colhendo café, borracha, cacau,
comendo pamonha, canjica, mingau,
rezando de tarde nossa Ave-Maria,
Negramente...
Caboclamente...
Portuguesamente...
A gente vivia.
De festas no ano só quatro é que havia:
Entrudo e Natal, Quaresma e Sanjoão!
Mas tudo emendava num só carrilhão!
E a gente vadiava, dançava, comia...
Negramente...
Caboclamente...
Portuguesamente...
Todo santo dia!
O Rei, entretanto, não era da terra!
E gente pra Europa mandou-se estudar...
Gentinha idiota que trouxe a mania
de nos transformar
da noite pro dia...
A gente que tão
Negramente...
Caboclamente...
Portuguesamente...
Vivia!
(E foi um dia a nossa civilização tão fácil de criar!)
Passou-se a pensar,
passou-se a cantar,
passou-se a dançar,
passou-se a comer,
passou-se a vestir,
passou-se a viver,
passou-se a sentir,
tal como Paris
pensava,
cantava,
comia,
Sentia...
A gente que tão
Negramente...
Caboclamente...
Portuguesamente...
Vivia!
Essa poesia tem raízes históricas. Ela é o relato da colonização européia no Brasil e sua influência em nossa cultura, e até hoje a nação brasileira está comprometida com a chamada "mistura das raças", sua diversidade e seu contraste cultural.
A diversidade explica a variedade dos elementos culturais existente na nossa língua portuguesa, nos rituais religiosos, na culinária, na dança, na música, etc. O contraste mostra a oposição entre esses elementos , em que um deles se sobressai, impondo-se ao outro. Ocorreu, no Brasil, a imposição dos aspectos culturas do europeu, que consequentemente passaram a predominar sobre os traços culturais africanos e indígenas. Isso trouxe como consequência a discriminação e o preconceito que fragmenta a identidade do brasieliro e nos separa na busca de uma identidade comum, por isso deve ser combatido e desestimulado em todas as suas formas e situações em que ele ocorrer.
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Um comentário:
Essa questão é bem complicada. Devemos entender nossas origens e saber valorizar o que cada uma tem de bom para facilitar nossa identidade como povo, não é mesmo? Abraço, Anice.
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