domingo, 20 de setembro de 2009

Práticas de Leitura, Escrita e Oralidade no contexto social

Achei interessante a abordagem sobre os processos e as estratégias interpretativas que as famílias com nível de escolarização distintos faz quando realiza uma atividade como a contação de estórias. Em ambos há eventos similares mas profundamente diferentes segundo kleiman (2006)
Famílias com nível de escolarização alto(universitário) interagem com a criança durante o evento, dirigindo a atenção dela para o livro, fazendo perguntas ("O que?" "Quando?") ou seja, o adulto expande, re-elabora, fazendo com que a criança imagine outras situações e inclua o evento em outros contextos. Nestas famílias, qualquer iniciativa da criança em eventos de letramento é altamente valorizado.
Nas famílias com baixa escolarização, o adulto reconta de maneira simplificada a estória do livro e faz perguntas sobre o nome das letras, números, cores e nomes de objetos, sem estender o evento a outros contextos. não existe a verbalização e retomadas constantes que caracterizam o outro grupo. A função da estória neste grupo é o entretenimento.
As diferenças entre as estratégias dos grupos, levaram-me a refletir sobre minha prática em sala de aula. Eu leio a estória e me detenho mais na interpretação da mesma. Faço perguntas sobre as situações que estão explícitas no texto. Raramente induzo as crianças à extrapolação para outros contextos como por exemplo, analogias com situações do cotidiano ou objetos do mundo real.
Depois dessa análise, pretendo modificar minha prática.



domingo, 13 de setembro de 2009

A aula presencial de LIBRAS nos possibilitou conhecer e explorar outra forma de expressão e comunicação que eu já havia vizualizado em algumas situações, mas não entendia. Para mim, quem se comunicava dessa forma utilizava apenas o alfabeto e de uma forma excessivamente rápida, impedindo a compreensão de quem era leigo. Também fiquei surpresa e impressionada com o fato da professora ser surda e com as informações que ela nos trouxe, e feliz com a possibilidade de compreender e experimentar a linguagem de sinais. Gostei tanto que levei as novas aprendizagens para a minha sala de aula. Trabalho com crianças de 7/8 anos e para introduzir o assunto fiz uma atividade que envolvia mímica, onde era proibido falar. Eles liam algo que estava escrito em um papelzinho e depois tentavam dizer o que era através da expressão de sinais e os demais tentavam adivinhar. Em seguida questionei-os sobre como faríamos para nos comunicar se não pudéssemos ouvir e nem falar? Após as respostas, li a história " Nós falamos com as Mãos" de Franz Joseph Huainigg que nos foi sugerido no semestre passado pela professora Daniela Corte Real e colei na parede um cartaz que recebi como parte integrante da revista Aprende Brasil que continha o alfabeto em LIBRAS e cada um reproduziu a letra inicial do nome. Depois ensinei alguns sinais que aprendi na aula presencial e o significado de cada um. Qual não foi a minha surpresa ao ver na hora do recreio, uma aluna utilizando a linguagem de sinais e a linguagem falada para dar uma bronca num coleguinha. Ela fez o sinal que lembra o nariz do pinóquio duas vezes e disse: "Mentiroso, duplamente mentiroso!" e o colega pediu desculpas usando somente a linguagem de sinais. Achei o máximo! Era uma evidência de aprendizagem onde eles utilizaram um conhecimento recém-adquirido para solucionar um problema de ordem prática.




LIBRAS - Linguagem Brasileira de Sinais

Reconhecida pela Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, a Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS) foi criada para auxiliar os portadores de deficiência a se comunicar através de gestos. Segundo a lei, entende-se como Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visuomotora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. A lei também prevê que devem ser garantidas, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas instiitucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Linguagem Brasileira de Sinais como meio de comunicação objetiva e utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. A lei afirma ainda, que o sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão do ensino de LIBRAS nos cursos de formação de educação especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior.

Educação de Jovens e Adultos

Minha experiência com a EJA se deu quando eu ainda morava no Paraná.Trabalhei com a educação de jovens e adultos que ainda era denominada Estudos Supletivos, com uma turma de alfabetização. Os alunos eram em sua maioria, pessoas de idade avançada, que possuiam conhecimentos diversos , mas uma grande dificuldade em expressá-los devido a simplicidade e timidez.
O currículo era ajustado frequentemente para atender a clientela diversificada e lembro que alguns alunos tinham muita dificuldade com a escrita, faltava-lhes coordenação motora fina, pareciam ter os punhos endurecidos, e alguns as mãos trêmulas, o que dificultava ainda mais o processo de aquisição da escrita. Diante dessa dificuldade, alguns diziam que queriam apenas aprender a "assinar" o nome.
Outros não compreendiam a dimensão conceitual das palavras que por sua vez estavam associados aos fatores culturais e linguísticos.
Em suma, era um desafio para eles e para nós.